quarta-feira, 1 de novembro de 2006

É Primavera nos túmulos...

É Primavera no Brasil. No auge da estação, até a moda anuncia o Verão que se aproxima. Tudo é muito claro e vívido, o clima da cidade já começou a esquentar e o vento traz o equilíbrio necessário para o corpo e para a mente.

E mesmo em meio ao calor primaveril, nesse período se aproxima o feriado Cristão do Dia de Finados, que representa um momento de recolhimento, de resgate às lembranças dos ancestrais que partiram e de reflexão sobre o processo da morte. Acaba então sendo Primavera lá fora e Inverno dentro de nós.

Para os Pagãos do Norte é Samhain, o festival em que o véu entre os mundos é mais tênue, em que se honra o legado daqueles que estiveram antes sobre o corpo da Grande Mãe. Para os Pagãos do Sul é Beltane, o auge da Primavera, o momento onde o Sol realça todo o seu poder e força fertilizadora. A Deusa Terra está enfeitada com o colorido das flores.

Torna-se impossível, portanto, permanecer alheios à dualidade presente nesta época do ano. Mesmo no Hemisfério Sul estamos em contato freqüente com os velhos costumes nortistas arraigados em nossa cultura ocidental. Papai Noel, símbolo do Natal, está envolvido pela idéia do clima gelado, pelas roupas de frio, pela neve. E no “nosso” Natal as roupas são leves, há festejos e danças, há o calor e a alegria de quem está em expansão, como o Sol antes do Verão.

É possível concluir, então, que o nosso planeta vive numa constante dualidade: Oriente/Ocidente; Norte/Sul; morte/vida; frio/calor e assim continuamente. Experimentamos essa realidade fora e dentro de nós durante todo o tempo e é possível perceber a sua interdepedência. O médium James Van Praagh diz que “o exterior é um espelho do interior”. E negar uma polaridade é negar a outra por conseqüência.

A filosofia do Taoísmo aborda esse tema com particularidade. Diz-se que “o conceito chinês de Yin e Yang representa a idéia de que o mundo é um todo e que esse todo é o resultado da união contraditória de dois princípios, o yin e o yang.” Contudo, “cada fenômeno pode pertencer ao Yin ou ao Yang, mas dentro dele há a semente da fase contrária.”

Portanto, esta é a hora de comungar a egrégora do silêncio, enquanto notamos as centelhas de luz chegar de fora para dentro de nós. É momento de celebrar o inverno da morte na esperança do renascer da primavera, percebendo o ciclo imortal da transformação.

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PRAAGH, James Van. Conversando com os Espíritos. Tradução Luiz Antônio Aguiar. Rio de Janeiro: Sextante, 1998.
Yin Yang. Disponível em:
www.escoladafamilia.sp.gov.br/lienchi/yineyang.doc

3 comentários:

Anônimo disse...

Texto muito bonito amor, relacionado demais ao encontro que houve hoje. Espero que todos tenham aproveitado muito o que houve por lá e que tenha servido para você também. Pelo que soube o evento foi ótimo. Não deixe de escrever aqui amor, toda vez me impressiono com sua redação.

Anônimo disse...

Hum, se meu filho fala assim sobre o texto, o que me resta falar? Realmente muito bom.
Hoje li este, que coloco aqui para somar:

CICLOS DE NOSSAS VIDAS


Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final..
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais?
Partiu para viver em outro país?
A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando
por que isso aconteceu.
Pode dizer para si mesma que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração..
... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.
Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil,
mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.
Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu própria, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..

E lembra-te :

“Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão”
(Fernando Pessoa)

Cezar Drake disse...

Olá,

Esta discussão norte sul, é uma das disparidades da Wicca no Brasil, mesmo porque os sabás são marcados por datas inglesas onde a diferença entre o inverno e o verão é muito mais marcante. Os dias até 5/6 horas mais longos no verão e o mesmo mais curtos no inverno.
Aqui em São Paulo esta diferença chega a 1,5 hora, a aí na Paraíba praticamente não existe.
Eu prefiro seguir a roda astrológica onde Escorpião representa a morte e o renascimento e Touro a fertilidade, assim... fico com o que chamamos de roda mista, os sabás que comemoram os equinócios e solstícios no sul e os mitológicos no que chamam de norte.