quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

O Potencial Divino – Uma abordagem ideológica

Parte I

Do que se conhece da história da humanidade, sempre buscamos uma resposta para os grandes questionamentos da existência: Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? Essas respostas são muitas vezes procuradas na ciência, nas religiões, na Filosofia e em outros ambientes do conhecimento humano – e, frequentemente, não se obtém uma resposta, por assim dizer, “universal”.

Parece-me, pois, que o homem está a todo o tempo buscando algo que corresponda a uma verdade interna, que possa dar um sentido à sua existência e que lhe fale, intimamente, as coisas que ele deseja saber – ou que, intimamente, já sabe.

Segundo Carlos Guimarães, elucidando dúvidas em sua palestra sobre Mitologia, o homem é o único animal naturalmente religioso. E religião, como já foi explicitado, significa religar-se com a energia criativa universal, ou, como muitos podem falar, religar-se com Deus.

Mas o homem esqueceu de Deus.

Onde encontrar Deus?

No âmbito das religiões, muitas delas possuem, em seus sistemas de crenças, a idéia de que Deus, ou o Divino, está em cada um de nós – e que a religião, por sua vez, deve ser algo interno, que parta do nosso íntimo e que possa guiar, compreender ou justificar a nossa existência.

A fé começa, portanto, da aceitação de um eu divino, parte ou representação da(s) Divindade(s) suprema(s), do poder da Criação. Tal poder também é geralmente concebido como Perfeito, ou livre de falhas. Pode-se concluir, a partir dessas premissas, que existe dentro de nós um potencial de deuses, um poder divino que nos impulsiona à Virtude, ao Bem e a Perfeição.

O próprio Jesus Cristo teria dito “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, podendo indicar* que o eu divino é capaz de trazer as perguntas existenciais humanas à luz da Verdade Universal.

Todavia, o poder divino interior foi suprimido por pessoas e instituições que desejavam incutir nas massas um sentimento de inferioridade e a idéia de que há “alguém” soberano e perfeito capaz de subordinar tudo e a todos sob sua vontade.

Por conseguinte, a covardia do ser humano facilitou a propagação desse pensamento. O homem desistiu de assumir sonhos, aceitar os conflitos e desafios da existência e, sobretudo, de se responsabilizar pelo seu próprio destino.

O ser humano anulou a divindade interna e pessoal e negou o seu poder. Assim, terceiriza a Deus a responsabilidade sobre seus atos, escolhas e caminhos, pois tornou-se mais fácil abster-se da responsabilidade diante do seu futuro. Ouvimos freqüentemente a expressão “deixar nas mãos de Deus”, sem jamais pensarmos nas nossas próprias mãos como divinas ou como instrumentos da Divindade.

Ainda que tratemos de um conteúdo extremamente subjetivo, podemos aplicar a seguinte lógica: se Deus é pai ou mãe (ou ambos) e é poderoso, seus filhos são naturalmente herdeiros de seu poder. Negando o poder potencial do ser humano, filho de Deus(a), nega-se também o poder de Deus.

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* Conteúdo bíblico sujeito a diferentes interpretações.
GUIMARÃES, Carlos. Mitologia. 2007. Palestra realizada no Centro de Estudos e Pesquisas Psicobiofísicas - CEPP em 15 jan. 2007.