terça-feira, 10 de outubro de 2006

Pecados da Religião

Religião vem do latim religare, que significa religar. Religar-se, portanto, com o Divino, o nosso senso ou conceito da Criação.

Então, quando se pergunta a uma pessoa “qual a sua religião?”, se está perguntando, ainda que indiretamente, “qual a sua forma de religare?”, pois existem várias. As religiões são o intermédio entre nós e Deus (ou como se queira chamá-lo) e as práticas religiosas são formas de entramos em contato com nosso eu interior, buscando descobrir o nosso eu divino – aquela centelha de divindade que existe dentro de cada um.

A maioria das religiões, ou seja, das formas de religare, “prega” o amor, e a busca da maior parte das pessoas é a mesma: a felicidade. No final das contas, somos todos muito parecidos, buscando destinos muito parecidos, apenas trilhando caminhos distintos.

É trágico, porém, entrar em contato com duas infelizes características da humanidade no que concerne aos assuntos religiosos: ignorância e intolerância. A falta de conhecimento sobre aquilo que é diferente gera dentro das pessoas um sentimento preconceituoso diante do novo que é apresentado. No âmbito religioso não é diferente. Algumas pessoas fazem uso dos estereótipos¹ religiosos que permeiam a mente social nas mais variadas camadas (quem nunca ouviu que “todo crente é radical”, “todo umbandista é macumbeiro”, “todo católico é hipócrita”, “espíritas são perigosos”, “muçulmanos são fundamentalistas suicidas”, “judeus são interesseiros”, ou até mesmo “todo ateu é arrogante” e assim seguindo?); outras se baseiam nas doutrinas muitas vezes preconceituosas das suas próprias igrejas e acabam, paradoxalmente, “pecando” (julgando, faltando com o amor para com o próximo, desonrando seus próprios valores).

Faz-se acreditar, portanto, que o mundo poderia ser mais feliz se fôssemos mais ecumênicos. Em idas e vindas de observação do comportamento religioso humano, é perfeitamente possível encontrar mulheres muçulmanas que se sentem livres dentro de suas burcas, católicos ativos e dedicados, evangélicos completamente tolerantes e maravilhosos círculos de candomblé.

Conhecer é preciso. Experimentar também, se possível. Não podemos compreender a dimensão da religiosidade do próximo se não a vivenciarmos junto com ele. Precisamos entender que outras pessoas comungam uma mesma energia, mas de modo diferente do nosso. E que esta maneira não é “a certa”, tampouco “a errada”, apenas “diferente”.

Contudo, para passar por essas experiências, precisamos nos certificar daquilo que existe dentro de nós e combater toda a insegurança e o preconceito oriundos da ignorância. É preciso abrir o coração e a mente, assim como fizeram os grandes mestres da humanidade. É preciso calar, ouvir e aprender mais. Evoluir, como sugerem os espiritualistas. As guerras santas, a Inquisição e tantas outras perseguições que sujaram e sujam a história humana nasceram no berço da intolerância. E esta, por sua vez, no berço da escassez de conhecimento.

“Se queres ser universal, olha a tua aldeia”². Observando os nossos erros antes de apontar os dos outros, fazemos um exercício de consciência e autocrítica. Poderemos, então, talvez perceber que muitas vezes somos preconceituosos antes de pré-conceituados. Intolerantes antes de intolerados. E como toda ação tem uma reação, precisamos tomar cuidado para que não se dê continuidade ao ciclo vicioso da estupidez.

Torna-se possível concluir que o mundo estaria melhor se todos se convertessem ao conhecimento mais sagrado, à atitude mais evoluída, à opção mais segura, à melhor religião de todas: o respeito.

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¹ Estereótipo é a imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação; uma forma de representar um grupo ou povo de forma generalizada (como se todos fossem iguais). WIKIPÉDIA, a Enciclopédia Livre. Disponível em http://www.pt.wikipedia.org
² Citação encontrada no site Universo de Luz. Disponível em http://www.universodeluz.net
Imagem de GettyImages. Disponível em http://www.gettyimages.com

4 comentários:

Anônimo disse...

Chriiiiiiiiiiiis...que finess de blog...hauhauhauhuahu!!!Gostei msm...lerei sempre...Bjuuuuu!

Anônimo disse...

Agora que vc me deu o endereço, tu sabe que vou te abusar sempre né? Bom, gostei muito da sua abordagem referente a um assunto tão polêmico quanto a religião, e vc manteve-se em uma posição nada agressiva nem preconceituosa sobre o assunto, gostei bastante!!!Continue!Fuck Yeah!

Anônimo disse...

Belo texto amor, Fuck Yeah!

O respeito e a tolerância no quesito religião são realmente os caminhos para se chegar a uma convivência melhor. Eu admito que as vezes falto um pouco com isso, mas tento sempre me manter o mais respeitoso possível. Seu texto me serviu para lembrar novamente de continuar tentando.

Inclusive Luana, aproveito pra pedir desculpas se naquele dia em que eu estava falando da igreja universal eu acabei me empolgando muito e lhe ofendendo. Sorry.

Anônimo disse...

Oi, comentei no último tópico antes deste. Portanto, dá pra perceber que concordo plenamente com você. E minha postura perante as religiões institucionalizadas é de total respeito. Não podemos esquecer que estamos no local certo, com as pessoas certas e com possibilidades de fazer o melhor.
Beijos!